Quando fiquei com a casa convidei-o e a um outro colega nosso a virem cá para opinar sobre a parte eléctrica e outros pormenores que não domino (nem quero). Ele apaixonou-se pela casa, pela vista, pelo bairro... e pediu-me para o avizar logo que ficasse outra casa disponível aqui na zona.
Ora, eis que um mês depois, um apartamento dois pisos abaixo do meu fica vago: avisei-o logo e numa semana ele já tinha a decisão tomada.
Não só vivemos no mesmo prédio, como trabalhamos na mesma empresa, o que inicialmente me assustou um pouco... mas a verdade é que é uma experiência fantástica. Graças a ele, desde que me mudei para aqui ainda não me senti só uma única vez, quanto mais não seja porque há sempre aquele consolo de saber que se o sentir basta-me descer a escada para um café ou dois dedos de conversa (como fazemos tantas vezes).
E depois, a verdade é que temos uma interacção fantástica. Sabe-me tão bem, nalgumas noites em que já saio tarde e cansado do mestrado receber aquela mensagem que diz: "Estava aqui a pensar que hoje deves cansado. Não te preocupes com o jantar que eu preparo aqui qualquer coisa para nós." Pela minha parte, também gosto de fazer o mesmo naqueles dias em que sei que ele fica a fazer serão ou que teve uma jornada mais complicada: acabo por me despachar mais cedo, comprar uns petiscos que saiba de que ele vai gostar e preparo-lhe eu o jantar.
E depois, claro que, sendo ele um gajo dinâmico e cheio de energia como eu, é o parceiro ideal para as corridas à beira-rio ou para os treinos.
E ainda há os amigos: já o apresentei a grande parte dos meus amigos, que o adoram, e acabamos por passar serões para lá de divertidos à mesa. Quanto aos amigos dele, bem... digamos que têm sido uma surpresa fenomenal (opá, quem o manda ter amigos tão giros???): são pessoas com quem um gajo não consegue deixar de se rir.
Ah, e não: o vizinho e eu não nos enrolamos. A brincar, tratamo-nos por "marido" um ao outro e ele costuma dizer que até nisto somos casados: não há sexo, AHAHAHAHAHAH!
Para além disso, é quem trata do bricolage cá da casa (e só pela paciência que tem tido com essas minhas lides já merecia o prémio de melhor vizinho de sempre).
E é um gajo que tem sempre uma carta na manga: ou um restaurante fantástico ou uma exposição qualquer. Mesmo quando o quero supreender ele acaba por se lembrar de mais qualquer coisa. Ainda na semana passada lhe disse que no sábado íamos jantar os dois a um restaurante novo, por isso tinha que estar preparado às 21h00.
Às 20h50 ele manda-me uma mensagem: "Traz casaco quente: vamos de mota." E lá nos metemos os dois à maluca na A5 numa noite em que se lembrou de largar a chover. No restaurante, a RP engraçou connosco por nos termos aventurado de mota numa noite daquelas e o serão acabou por ser bastante divertido.
No regresso ele vinha a acelerar um pouco mais do que na viagem de ida e eu, que há uns largos anos não andava de mota, não receei un segundo pela minha segurança: agarrado a ele, sentia que a tudo ia correr bem.
Com ele, corre sempre.