O fim de semana seguinte destinou-se a outro casamento ainda mais a Sul, na Quinta do Lago.
A semana entre casamentos foi bastante puxada: entre serões a despachar uma data de pareceres para enviar para os 4 cantos do mundo e uma sardinhada que só terminou perto das 6h da manhã (ficará para a história) acabei por só domir uma média de 3h por noite.
Ainda por cima na sexta-feira quando me meti ao caminho já saí tarde de Lisboa, o que, somado ao cansaço acumulado, me originou dois valentes sustos: o primeiro, quando adormeci na A2 e guinei o carro para a direita, acordando com a fricção do pneu nos separadores, e o segundo quando adormeci (de novo na A2) e guinei o carro para esquerda bem em direcção ao rail... desta vez valeu-me o condutor do carro de trás que buzinou como se não houvesse amanhã e me fez abrir a pestana (sim, que só nas histórias é que a malta precisa de um beijo para acordar... levasse a outra com um buzinão nos abanos e a ver se dormia aquele tempo todo).
E não foi por não tomar as medidas adequadas: vidros abertos, música aos berros, 5 cafés pelo caminho... you name it. Só me faltou mesmo a pausa para dormir, mas essa não pôde ser cumprida desta vez porque tinha alguém à espera em Faro. Por isso ainda não é desta que me dedicam a "Tem cuidado ó emigrante" no velório, mas ficou a lição: não me parece que me vá voltar a meter noutra.
E agora vamos ao ao que interessa: a boda.
Antes de mais e para dar já cabo do suspense: ninguém atirou o bouquet (até porque não existia... noivos e padrinhos tinham todos uma orquídea ao peito e não havia cá mais flores para ninguém). A cerimónia foi muito bonita, discreta (não, não ia nenhum vestido de branco: os dois iam de fato de casaca escuro) e emotiva: quando vi um matulão com lágrimas nos olhos a prestar os votos ao outro nem eu me segurei... sim, chorar num casamento de pessoas que não se conhece de lado nenhum é para lá de ridículo, eu sei... mas, pá, ver ali o homem sem se conter à frente do outro foi o trampolim para a choradeira. Por sua vez, a meu lado o I. ria que nem um perdido enquanto me via ali em prantos pelos desconhecidos.
Já no copo de água, deu para perceber que a malta da Quinta do Lago leva a coisa a sério... o espaço é encantador e a bebida... bem, eu sei que meia-hora depois já falava com meio mundo e ria com o outro meio.
A dada altura reparei numa figura muito interessante que também parecia estar ali sem conhecer muita gente (vim a saber que era ex-namorado de um dos noivos). Ora, estava eu a beberricar (mais) um espumantezito e a pensar algo do género "ah-e-tal-com-este-era-até-ao-altar", quando a própria da figura se aproxima e me pede para lhe tirar uma fotografia porque não conhecia mais ninguém e não tinha quem lha tirasse.
Eu lá lhe tirei a foto (ah, e tantas mais coisas que eu lhe podia ter tirado) e ficámos ali à conversa... ele tinha sentido de humor e disse que já tinha reparado em mim e na velocidade em que eu virava flutes (o sentido de humor é um "plus", certo?). Às tantas ele já se agarrava às gargalhadas e dizia que se eu comesse tanto como bebia ia dar prejuízo à Quinta... oh, um rapaz tem que beber coisinhas frescas para combater o calor. Enfim, foi um fartote de rir até que chegou a altura de nos dirigirmos cada um à sua mesa.
Por motivos de trabalho o I. teve que sair a meio do jantar e só regressou já depois da pista abrir... Ainda assim a rapaziada foi muito acolhedora e diverti-me imenso naquele intervalo. Música animada, álcool e malta gira: não foi preciso grande esforço.
Um apontamento: agora eu percebo porque é que as minhas amigas sem namorado gostam de ir a casamentos... aquilo é um maná para os solteiros se conhecerem. Como se tratava de um casamento "de vanguarda" a rapaziada não tinha grandes pruridos em meter conversa com alguém que lhe parecesse mais simpático, o que não sucederia num casamento tradicional. E eu saí de lá com um nº de telefone novo. Não era da figura da foto... essa afastou-se quando percebeu que a figura do telefone se antecipou e me convidou para dançar.
Quanto ao resto foi tudo igual: as prendinhas para os convidados, o abrir o bolo (não, não usei o verbo "partir", que isso seria um humor muito fácil neste contexto, oh badalhocos) e as despedidas com os votos de felicidade e o "se precisarem de alguma coisa avisem, ok?"... mesmo quando não têm nenhum contacto nosso porque somos completos desconhecidos que apenas caímos ali para fazer companhia a um amigo (e porque adoramos casamentos).
E assim terminou aquele que eu pensava ser o meu último casamento de 2012. Mas isto fica o próximo post.
(foram vários destes que me valeram a alcunha de "seca adegas")
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