Há aproximadamente um ano entrou alguém na minha vida. Uma pessoa especial, daquelas tão boas que chegamos a duvidar se serão mesmo pessoas.
Começou por me ensinar a baixar as defesas e a voltar a acreditar que nem todos os homens são iguais. Aprendi muito com ele e redescobri o caminho para a ingenuidade e entusiasmo que tanta falta nos faz.
Recentemente, outra pessoa muito especial (não interessa quem), teve um problema grave de saúde que a conduziu de imediato ao internamento. As coisas correram mal e teve que ser encaminhada para outro hospital onde este homem fantástico fez o favor de o receber e de realizar ele mesmo a intervenção necessária. Tem sido imparável: telefona-me a toda a hora, está em contacto com os outros médicos que acompanham o caso e esclarece a minha família de todas as dúvidas que estes casos críticos sempre implicam.
No dia em que ele fez a intervenção conseguiu introduzir-me lá no quarto onde me deparei com aquele homem que andou comigo ao colo e que agora jazia ali numa cama sem sequer conseguir comer sozinho. Arregacei as mangas e disse ao pessoal que lhe dava eu mesmo o jantar. Acreditem: é uma sensação devastadora ter que dar o comer à boca a um homem que nos carregou ao colo na infância e que é uma referência do que deve ser um adulto. Nesse dia saí do hospital completamente de rastos.
Claro que ele nem sequer me deixou ir para casa: levou-me para casa dele, deu-me de jantar e restaurou-me a confiança. Soube há dois dias que o caso, que estava a desenvolver-se com sucesso, teve uma recaída drástica e temos novo internamento nos cuidados intensivos.
Uma vez mais, ele tem sido imparável. Os contactos, as diligências, a ajuda aos colegas, o apoio pessoal...E eu, que não sou homem de dramatizar, tenho tentado aguardar com o máximo de paciência (não há muito a fazer nesta fase). Sinceramente, não sei como tudo vai acabar: tenho esperança e fé de que da melhor maneira. No entanto, independentemente do resultado, uma coisa é certa: a Vida tem-me brindado com pessoas muito especiais.
Também me tem brindado com umas valentes biscas, é verdade. Mas dessas eu tenho sabido livrar-me.
2 comentários:
Depois de algum tempo e tiros no pé começa-se a conseguir separar o trigo do joio. Ainda bem que ainda há pessoas assim.
E as melhoras para o teu familiar.
Obrigado :)
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