domingo, 22 de janeiro de 2012

"É como se fosse Deus"

Este fim-de-semana passei por algumas situações que me fizeram pensar em Amor. A verdade é que estou solteiro há aproximadamente um ano e por isso talvez não seja a pessoa certa para falar sobre isto. Aliás, serei, seguramente, a pessoa menos indicada de todas para o fazer.

Ainda assim deixem-me que me atreva: é que neste fim-de-semana foi-me dado agradecer ter amado alguém no passado. Recordei que quando amamos há um desejo visceral, quase animal até, de cuidar e proteger alguém. Há uma pessoa que conhecemos pelo cheiro, pelo toque e cuja voz nos faz sentir que o nosso nome é único, quando nos chama. Há uns braços que se tornam o abrigo mais seguro na história da Humanidade, e onde nos sentimos em casa, quando ali nos encontramos recolhidos. E esse amor torna-nos puros, melhores, de tão sublime que é.

Ainda ando de volta do "Guerra e Paz", de Tolstoi, e de vez em quando lá volto eu a uma das primeiras páginas, em que sublinhei um excerto onde o Autor aborda esta questão com as seguintes palavras, proferidas por Denissov: "- Como vês, meu velho - comentou -, enquanto não gostamos de alguém é como se estivéssemos a dormir. Não somos mais que pó... Mas assim que um homem começa a amar é como se fosse Deus, sente-se puro, é como nos primeiros dias da Criação..."

Lindo, não é? E o melhor é que não se trata de mero lirismo, mas sim de extrema lucidez a descrever algo que, apesar de tão único, pode repousar no coração de qualquer um de nós.



Eu já amei (e escrevo isto sem conseguir evitar um sorriso de agradecimento por tal me ter sido possibilitado). Ora, isto tem duas consequências: a primeira é que sei reconhecer bem o que é amar, e isso tem-me evitado embarcar em cavalarias tontas em que seguramente alguém sairia magoado, uma vez que sei bem quando não estou a amar; a segunda é que ter amado deixa-nos serenos, na certeza de que somos capazes de conter um sentimento tão nobre (infelizmente acredito que nem todos conseguem sentir isto)... e essa serenidade traz a certeza de que o Amor volta sempre à nossa vida.

Afinal, é demasiado bom para não voltar.

3 comentários:

um coelho disse...

A tua recordação de como é quando amamos é tão genuina e fiel... é exatamente assim que eu me sinto quando estamos abraçados, ou quando ele está a dormir e eu completamente apaixonado a olhar para ele. Haverá alguma coisa melhor?

João Roque disse...

Não podia estar mais de acordo contigo; principalmente a parte final sobre a serenidade.

Backpacker disse...

É sem dúvida um sentimento que nos eleva :)