Já os tinha visto por Belém ou ali para as bandas da Baixa. Sempre me pareceu uma coisa muito estúpida que as pessoas se enfiassem naquelas geringonças no meio do trânsito sujeitas a terem um acidente e a colocarem condutores e peões em risco.
No entanto, como todas as coisas ridículas que vejo, esta despertou-me uma vontade enorme de a experimentar, que foi sendo guardada até este fim-de-semana. Assim, na sexta-feira liguei a fazer a reserva e o rapaz avisou-nos que as previsões para domingo eram de chuvas fortes. Já era tarde: ou era no domingo ou não era.
E assim às 13h30 lá me apresentei com a M. para levantarmos o GoCar, mapa com as rotas de Lisboa Antiga e capacetes. O homem disse que a maquineta era fácil de manobrar para quem já tivesse conduzido um scooter: ora, eu nunca conduzi nenhuma mas como sempre achei que um homem atrapalhado é pior que uma mulher bêbeda, vai de enfiar o capacete, meter o cinto e puxar o acelerador (sim, como nas motas)... pormenor: nas motas quando se acelera inicialmente devemos ter o travão apertado antes de arrancar sob pena de sairmos disparados.
Pois.
Saímos disparados.
para quem não sabe, o GoCar tem uma estrutra muito frágil que abana por todos os lados, é difícil de se lhe coordenar a travagem (para quem nunca conduziu uma mota) e a direcção também não é das melhores. Todas estas condicionantes aconselhariam a que optássemos por uma rota mais pacata e segura, como um passeio pela Praça do Império e zona de Belém. No entanto, nós, que somos como o amigo do Guedes e o medo também é uma coisa que não nos assiste, optámos por seguir pela Sé, Castelo, Graça e Alfama.
E deixem-me que vos diga que ainda tenho os abdominais doridos de tanto rir... A verdade é que a Sr.ª do GPS é meio doida e grita coisas "WOOOOO! Não é o máximo ires a descer esta rua a esta velocidade?"... o pior é que quando se é muito susceptível a incentivos externos como eu, reforços positivos deste género só têm um resultado: lixar a maquineta pelos buracos de Alfama ou subir passeios à bruta.
Confesso que por mais que uma vez achei que ia deixar os dentes nalguma parede das casinhas de Alfama ou num eléctrico para as bandas da Graça. Por sua vez, a M. deve estar neste momento a beber um chá qualquer para evitar ficar rouca... o que é uma prevenção muito pertinente, considerando o número de vezes que gritou: "TRAVA!!! TRAVA!!! Ó BACKPACKER TU TRAVA-ME ISTO!!! AI QUE VAMOS BATER!!!" (enquanto me esmagava o braço, pois claro).
Por fim, deixem-me que vos diga que recomendo: não só é divertido como permite revisitar alguns ícones lisboetas com as exlicações da Sr.ª do GPS (ainda que algumas sejam meio tontas). E agora só tenho que aprender a desligar a voz à dita Sr.ª, porque enquanto estávamos sentados na esplanada da Graça a beber café ela lá estava a berrar pelas colunas do GoCar "Vire na próxima à direita. Vire na próxima à direita. Vire na próxima à direita. Vire na próxima à direita.Vire na próxima à direita. Vire na próxima à direita.", o que fez o tempo todo em que a maquineta esteve estacionada, para gáudio dos transeuntes.
Tenho a certeza de que vou voltar a fazer. E com um grupo grande, para podermos fazer corridas pelas vielas de Alfama. E com o GPS em Espanhol.
Só porque me parece ainda mais tonto.
5 comentários:
Parece ser divertido, lololol
Dá vontade de experimentar...
Acreditem que é absurdamente divertido... com tudo o que o advérbio de modo implica.
Há algum tempo atrás num site de venda coletiva estiveram bilhetes à venda. Não comprei porque também pensei que fosse uma palhaçada para turista, mas agora depois de ler o teu comentário já não sei se não o devia ter feito.
Faz! Vão adorar :D
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