terça-feira, 27 de novembro de 2012

O Leilão do Padrinho

Breve contextualização da recente ausência:


1 - Escolher pessoas mais velhas para colegas de trabalhos de grupo para o Mestrado porque achamos que são mais responsáveis pode trazer-nos muitas surpresas. E não são obrigatoriamente boas.

2 - A capacidade de os Professores inventarem mais e mais trabalhos para um gajo entregar é como o Universo: até à data ainda não lhe conhecemos o fim.

3 - Chamarem-nos a Espanha para nos dizerem "Se perderes esta ação vais pôr em causa dezenas de postos de trabalho" não é coisa para deixar um gajo muito calmo.

4 - Chatearem-nos a cabeça com uma proposta de trabalho no outro lado do mundo também não ajuda muito à tranquilidade, especialmente acrescida aos pontos 1 a 3.

5 - Somar os 4 pontos anteriores pode deixar a burra nas couves. Felizmente diz que ela sai de lá com muita calma, meditação e carinho. E Bromazepan.

6 - Continuo a odiar Contabilidade.

Passando este breve intróito, passemos ao que interessa: o casamento da minha mais recente afilhada, que foi assim para o BRUTAL. Foi um casamento fora do comum, como não seria de esperar de uma noiva fora de comum.

Sim, que a Noiva chega a casa a barafustar por a cabeleireira se ter atrasado, e que ainda se tem que ir vestir e que o dia não começa e bem e não sei que mais o quê, quando é interpelada pelo fotógrafo que lhe diz: "vá, agora está na hora da noiva se ir pôr bonita para as fotografias", ao que ela responde: "não, agora está na hora de a noiva ir fumar e beber favaios", e é vê-la toda a contente à varanda com um casaco de malha que a cabeleireira lhe emprestou (long story), de véu na cabeça e a fumar, enquanto bebe um copo cheio de favaios.

A partir daí foi sempre a melhorar: sessão de fotos fantástica num palácio que me diz muito, cerimónia linda (ok, o Padrinho da Noiva - a.k.a. eu - conseguiu a proeza de entrar na Igreja 15m depois de a cerimónia ter começado), uma quinta fantástica em Sintra e uma mistura de gente diferente (a malta da política, os artistas, a malta das caravanas de jeeps, ...).

A sala parecia o café do Rick, em "Casablanca" (ou não fosse ela a mulher das caravanas por Marrocos), e começámos logo com fadistas a atuar ao vivo: digamos que ela não se poupou a esforços para ter um dia mágico. Depois foi a loucura do costume...

Ora, a páginas tantas, com a malta já bem bebida, está este que vos escreve a dançar com uns amigos quando é abordado por um amigo do noivo (giro, ele) notoriamente embriagado que enceta o seguinte diálogo:

Ele (enquanto me abraça) - Eu sei que tu és o padrinho da noiva.

Eu (rezar para que ele não me vomite para cima) - Pois, diz que sim.

Ele - Pois...

Eu - Pois...

Ele - E eu sei que tu és gay.

Eu (afasto-o do grupo em que estava e digo mal da minha vida) - Ah... é verdade... também diz que sim. E como é que sabes?

Ele - Contou-me o noivo.

(ah, o que eu adoro quando as pessoas bebem e contam tudo)

Eu (a tentar libertar-me do abraço) - Pois, ok... Olha, agora eu vou voltar a dançar, ok?

Ele (que não me larga) - Eu curto bué gays e até tenho vários amigos gays.

Eu - Olha que bom.

Ele - Vocês são muita fixes porque são mais sensíveis que nós.

Eu - Estás tão enganado. Olha que há para aí uns quantos que te surpreenderiam. Vai por mim: regra geral namoro com eles.

Ele - Está decidido: hoje vamos arranjar-te um namorado. Vou ali ao microfone tratar já disso! (larga-me e atravessa a sala a passos largos empurrando quem estivesse a dançar no seu caminho e só com muito esforço o consegui segurar).

Eu (agora era eu que o abraçava e levava para bem longe do micro) - Tu não podes fazer isso!

Ele - Porquê? (ah, a ausência de bom-senso que o álcool propicia)

Eu - Porque... olha, porque eu tenho namorado!

Ele - Ah, já podias ter dito! ... Olha, és fixe. E se precisares que te arranje um namorado já sabes: falas comigo, que eu gosto de ver pessoas felizes.

E assim se terminou a boda sem o que seria uma nova tradição de sucesso: o Leilão do Padrinho da Noiva.

Quanto ao resto da festa, só posso dizer que foi tão divertida e eles estavam tão felizes! Eu também gosto muito de ver pessoas felizes, é um facto. Ainda que não ande por aí de microfone na mão a tentar espalhar a felicidade.

3 comentários:

Sérgio disse...

Simpatizei com ele :)
Sob o efeito do álcool, ele foi certamente sincero.
Seria interessante saber que conversas teriam depois disso. Parece-me que poderias ter aí um bom amigo :)
abc

João Roque disse...

O álcool pode ser uma excelente porta para aventuras desconhecidas...

um coelho disse...

Safaste-te muito bem, mas teria sido interessante assistir à execução do plano dele.