domingo, 10 de fevereiro de 2013

"Adeus casa de meu pai"

Tem sido perfeito, e há-de continuar a ser, tenho fé.

Foram 31 anos maravilhosos. Filho mais novo acarinhado, desde sempre que me incentivaram a ser mais exigente comigo, a dar asas à imaginação e abriram-me novos mundos. Aos 18 anos quando entrei para a Faculdade, mandaram-me com o meu irmão atravessar o sul da Europa de barco, desde Istambul a Barcelona. Sempre puxaram por mim e tornaram-me sedento de mundo.

Talvez tenha sido essa sede louca que me prendeu a eles. Ao contrário de alguns amigos, nunca fez parte dos meus planos sair de casa para ir viver num sítio que tivesse que servir e onde tivesse que contar trocos até poder levar a vida desafogada que levava em casa dos Pais. Não. Optei por investir os meus 20 a fazer o que quis e me apeteceu em termos pessoais e profissionais, por forma a que quando me decidisse a mudar o fizesse com mundo dentro de mim e com um cargo que me permitisse continuar a viver uma vida leve.

Viagei pelo mundo fora, fiz amigos de todos os credos, profissões, nacionalidades e cores, saltei de um avião, tirei um curso de mergulho, um curso de História da Arte do Séc. XX, duas pós-graduações e (recentementente) comecei um Mestrado. Trabalhei numa pequena sociedade de advogados, numa grande sociedade de advogados, tive escritório próprio, fui assessor de um Ministério e finalmente cheguei onde estou hoje, que é um sítio onde nunca contei estar antes dos 40.

Estou feliz. Eles fizeram-me feliz. Mas acho que agora já é mais que pouca vergonha na cara continuar aqui... Deve ser esta coisa dos 30 que me força a sair (sim, que eu cá por mim, não fosse aquilo que a Sociedade espera de um gajo, ficava com eles a vida toda). Para além disso, a casa com que sempre sonhei está à espera, em Lisboa, debruçada sob o Tejo.

Esta é a última noite que aqui durmo. O meu dia com eles começou com umas compras de mais algumas coisas que ainda me faltavam e depois fomos ter com o meu ex e almoçámos os 4 no Spazio, para nos deliciarmos com a sopa de santola da Justa Nobre. Rimos, tagarelámos e depois ainda fomos até ao meu novo ninho ver como estavam as coisas (que - já agora - estão na fase "quase-a-deixar-de-parecer-um-estaleiro"): é esta cumplicidade que sempre me fez estar com todo o à-vontade junto deles.

Há minutos, estava a ultimar preparativos e o meu Pai deu-me um porta-chaves para as novas chaves. Fiquei emocionado... Para trás ficam as chaves de casa deles, com um porta-chaves velho que, por momentos, me recordou que há pessoas que nos potenciam os sonhos e outras que os tolhem. Mas que a Vida me tem demonstrado - por vezes de forma bem irónica - que as primeiras prevalecem... prevalecerão sempre.

O meu porta-chaves novo com as suas chaves é a prova disso.




3 comentários:

Algbiboy disse...

há sempre tempos de mudança nas nossas vidas... uma nova etapa acontece, outras virão!!!
Parabéns pelo espaço!
Abraço
Algbiboy

um coelho disse...

Fiz há dias 3 anos com o meu rabbit (ainda não falei disso lá no espaço) e fomos jantar precisamente ao Spazio. A sopa de santola tem muita fama, mas fiquei desiludido. Para compensar, a ti'Justa lá veio dar-nos dois dedos de conversa e falar das farófias da terra dela.

João Roque disse...

É sempre um momento importante na vida de uma pessoa.