quarta-feira, 7 de março de 2012

Dos dias em que fecho o Código Civil

As terças-feiras para mim são o bálsamo semanal: fico para lá de eufórico quando me meto no carro às seis da tarde e rumo à Sociedade Nacional de Belas Artes para mais uma aula. Eu sei que são apenas duas horas por semana, mas durante aquele espaçozinho de tempo deixo de ser a pessoa que tem que redigir cláusulas, analisar contratos, ter uma postura negocial nas reuniões, preparar julgamentos, fazer petições iniciais e contestações e passo a ser um aluno.

E é verem-me sentadinho na minha carteira todo sorridente entre as histórias de pintores degenerados, interpretações desconhecidas de obras familiares ou apresentações de obras e artistas completamente desconhecidos. Faltam 3 meses para o curso acabar e as recordações já são mais que muitas: a paleta de Gauguin que me transportou para o Tahiti, os pormenores desconhecidos de V. Gogh (um dos meus pintores preferidos) ou a novidade (para mim) dos Delaunay e dos seu cubismo órfico, Luigi Russolo e os seus intonarumori (sim, que aquilo não é só pintura e escultura: também há espaço para a música e fotografia, entre outros ofícios) ou o panorama fantástico da arte contemporânea em Portugal que me é dado a conhecer todas as semanas por aquela grande Professora que privou com muitos dos seus pintores.


("Van Gogh pintando girassóis", de Gauguin... fantástico, não é? Fascina-me a possibilidade de termos acesso à criação dos célebres quadros de girassóis de Van Gogh, pelas mãos de um pintor seu amigo)


E isto mudou a minha maneira de ser e de estar, acreditem. Acabo por me sentir muito mais desperto para a pesquisa e por perceber um pouco mais daquilo que vejo (a minha escolha por um curso de Arte Contemporânea teve a ver com isso mesmo: a minha dificuldade em compreender muito do que se produziu no séc. XX). Por outro lado, é algo que me deixou de tal forma fascinado que já não escondo de ninguém que frequento o Curso (até há muito pouco tempo não comentava com colegas e mais algumas pessoas, com medo de levar com a boca do "ah e tal, isso é coisa de rôto"). E depois acreditem que agora quando visito um Museu o faço com um olhar completamente diferente... é uma sensação M-A-R-AV-I-L-H-O-S-A! Claro que para além do que aprendi, ficam as ferramentas e as directrizes necessárias para estudar e entender outros artistas cujas obras sempre me deslumbraram (e que duvido que abordemos no curso), como Frida Khalo ou Edward Hopper, e isso não tem preço.

E pensar que dentro de um mês terei o Metropolitan, o MOMA ou o Withney à minha disposição... ah, em 2012 é Natal todos os dias.

9 comentários:

Mark disse...

Eu nem às terças fecho o Código Civil. ;)

Paciência, colega. :D

Backpacker disse...

Dura lex sed lex

;)

Pepper disse...

só pra dizer que a referência ao Metropolitan,Moma e afins era escusada...é que o comum dos mortais vai tar com o rabo alapado na cadeira do escritorio,sim? :)

Backpacker disse...

Mas uns dias depois vai estar alapado com o rabo no escritório a COMER M&M'S!!! :D

pepper disse...

ui....tããããããõooooooooooooooooo bom!:)

Sérgio disse...

Ja tive para me inscrever nessas aulas. Mas vou antes para umas aulas de guitarra :)

um coelho disse...

Percebo perfeitamente o que fizes. Há alguns anos fiz um curso também numa área completamente diferente da minha, e ia para lá com uma alegria, aquilo era música para os meus ouvidos, por mais cansado que estivesse. É bom saber que conseguimos ser muito mais do que a nossa profissão. :)

Backpacker disse...

Sad eyes: guitarra é fixe... mas eu percebo tanto de música como de lagares de azeite :S

Coelho: é isso mesmo... nós somos tantas, mas tantas coisas. E a profissão é apenas uma delas :)

João Roque disse...

Eu gostava de quebrar a inércia e fazer algo de parecido, mas não consigo...