segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Mostrar



Cada vez mais acho que mostrar é a forma de se estar na vida proposta pela Sociedade. Mostrar como somos o máximo, como temos poder, como somos giros, como somos viajados, como somos a última coca-cola do deserto.

O problema é que o tempo que passamos a investir na capa não o passamos a investir no conteúdo, com as consequências evidentes que daí decorrem: capas muito apelativas e conteúdos pouco interessantes.

Escrevo isto porque cada vez mais é notória a diferença entre a vida que algumas pessoas relatam na internet (v.g., facebook) e a sua vida real... conheço casos em que a diferença é tal que chego a pensar se não haverá ali uma patologia do foro psicológico. No entanto, o que me levou a pensar mais no tema foi uma conversa que tive neste fim-de-semana em que expus, entusiasmado, o que sabia de uma pessoa e o contraste com o que me foi de seguida relatado por pessoas próximas a essa pessoa (não tinha nada a ver).

E deixem-me que vos diga: não me vou pôr aqui com moralismos, concluindo o texto com algo do tipo "este mundo está perdido.... as pessoas não têm vergonha... as pessoas são fúteis e tontas... e etc, etc..." Até porque podem existir motivos válidos para que quem crie essas duas vidas assim o faça. 

A conclusão é um valente puxão de orelhas a mim mesmo, que sou um grande tonto e perco demasiado tempo fascinado a ler capas em vez de estudar os conteúdos. 

4 comentários:

um coelho disse...

Há muito boa gente por aí que só vive de aparências. Tenho para mim que são pessoas tristes e infelizes, que quando estão sozinhas utilizam o planeamento de novas mentiras e confabulações como fuga constante à realidade. A situação que descreves faz-me lembrar um amigo meu: conta histórias 'fantabulásticas' das suas viagens, mas passado alguns meses esquece-se do que contou e inventa uma versão completamente nova.

Backpacker disse...

LOLOLOL!

É algo do género :D

Anónimo disse...

Concordo plenamente... cada vez mais vivemos para os facebooks e afins. E o pior é quando deixamos de viver para estarmos agarrados à nossa "vida" cibernética.

João Roque disse...

Talvez por isso mesmo, o FB me parece tão oco...
Aqui na blogosfera, as pessoas vão-se conhecendo progressivamente e com muito mais sinceridade e ainda não tive "desilusões" com aquelas pessoas que passaram do virtual ao real.